Um Pouco de mim...

Sou procuradora municipal, mestre e doutoranda.
Professora universitária , nas disciplinas de ética , direitos humanos: infância e juventude e direito indígena, direito constitucional e direito administrativo. Na pós (ADESG) lecionei Teoria do Estado .

Atuei como Conselheira na Ordem dos Advogados do Brasil , no período de 1995 a 2001, atuei como criadora e presidente da Comissão da Advocacia Pública, como membro da Comissão de Seleção e Prerrogativas, membro da Comissão de Ensino Jurídico e como membro da Comissão da Mulher Advogada todos da OAB/MS.

Sou mestre e doutoranda pela UNIMES.
Publiquei meu livro, sob o título : Os princípios constitucionais dos índios e o direito à diferença, face ao princípio da Dignidade da Pessoa Humana, pela Editora Almedina, Coimbra, Portugal.
Atuo como Palestrante em Direitos Humanos .
Meu maior qualificativo na vida é ser mãe do Nícolas .

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

4-ARTIGO UM ENSAIO SOBRE A LIBERDADE INSPIRADO NA OBRA DE HANNAH ARENDT

HANNAH ARENDT: VIDA E OBRA
UM MERGULHO NA TRAJETÓRIA DE HANNAH ARENDT
A PERSONIFICAÇÃO DO SENTIDO DA PALAVRA LIBERDADE

Passaremos ao estudo desta filósofa que não gostava de assim denominar-se, talvez por ter sido sempre uma intelectual independente , em seus conceitos e na rebeldia com a qual se identificou, mantendo-se fiel ao que acreditava.
O cerne deste despretensioso trabalho talvez possa ser personificado em Hannah Arendt , uma vez que a sua própria figura e a história da sua vida podem bem demonstrar o sentido da liberdade.
Muitos autores referem-se a Hannah Arendt apontando o seu brilhantismo como intelectual , porém , sempre citando a sua trajetória como judia , num mundo nazista em que viveu e sofreu, e , sobretudo , como soube transpor com galhardia as suas dificuldades, projetando-se sempre em frente , na busca da liberdade.
A descoberta do trabalho de Hannah Arendt é muito instigante, embora seja de uma certa dificuldade de decodificação , como menciona Celso Lafer, que teve o privilégio de ser seu aluno na Universidade de Cornell , apreendendo diversos conceitos de como se pode ser intelectual atrelado ao mundo e às pessoas, uma vez que , segundo Lafer , Hannah Arendt permitia e incentivava também fora da aula, o contato e o diálogo , demonstrando que o ser humano pode ser rico culturalmente e também profundamente humanista, que é o que todos nós pretendemos e almejamos.
Começaremos o estudo abordando a vida de Hannah Arendt, baseado em relatos e em estudos de Celso Lafer e também de João Maurício Leitão Adeodato, que sintetizam com o maior brilhantismo a vida e obra de Hannah
Em seguida, passaremos ao seu estudo sobre a liberdade , enfocando o estudo de sua obra Between Past and Future, intitulada entre nós como Entre o Passado eo Futuro , obra datada de 1968.
Hannah Arendt nasceu em 1906, em Hanover e morreu nos Estados Unidos , em 1975.
Na Alemanha, de onde saiu em 1934, estudou nas Universidades de Marburgo , Friburgo e Heidelberg.
Na Universidade de Heidelberg onde se doutorou em 1928, foi aluna de Heidegger e Jaspers.
Segundo Lafer, com Heidegger Hannah Arendt aprendeu a distinguir “entre um objeto de erudição e uma coisa pensada.” Em outras palavras, analisa, pensar não seria pensar sobre alguma coisa, mas pensar alguma coisa.
Não existiria a oposição entre a razão e a paixão, entre o espírito e a vida em Heidegger, mas sim, no entendimento de Hannah Arendt, a possibilidade de um pensar apaixonado, no qual o pensar e o estar vivo constituem uma unidade que se funde.
Hannah Arendt morreu aos sessenta e nove anos de idade, em Nova York, como cita João Maurício Leitão Adeodato, depois de uma vida diretamente relacionada com as notáveis mudanças e crises políticas por que passou o mundo durante o século XX.
Hannah, de família de judeus alemães de Konigsberg, terra também de Kant, como esclarece João Adeodato , pertencente à antiga Alemanha Oriental.
Os pais de Hannah moravam em Hanover, quando de seu nascimento.
Em 1914, com o advento da Guerra, Hannah e sua mãe, que já era viúva, retornam para junto de seus parentes em Konigsberg, onde sua mãe vem a casar-se em 1920.
Aos 18 anos, esclarece João Adeodato, Hannah presta o vesibular para a Universidade de Marburgo , onde inicia os estudos de filosofia , sob a orientação de Heidegger , depois em Freiburg , com Edmund Russel , em seguida com o seu grande incentivador Karl Jaspers , sob sua orientação defende tese de doutoramento sobre O Conceito de Amor em Agostinho, do ano de 1929. No mesmo ano Hannah casa-se com o também judeu chamado Gunther Stern.
Na análise de João Adeodato, Hannah teria aprendido com Heidegger que o pensamento deve ser apaixonado, que devemos nos envolver intimamente e tomar partido quando nos dirigimos a um objeto, de modo semelhante à abordagem poética.
Dito pela própria Hannah Arendt, Jaspers teria sido seu verdadeiro mestre, com quem manteve amizade até o fim de sua vida, que lhe ensinou que o filósofo deveria estar em contato com o bem-estar da comunidade, e de toda humanidade.
A vocação política teria sido despertada em Hannah por volta de 1926, tomando verdadeiramente partido da causa sionista.
Já em 1951, após seis anos da derrota nazista, Hannah publica seu primeiro grande livro intitulado As Origens do Totalitarismo, em 3 volumes, tratando do anti-semitismo, imperialismo e totalitarismo., onde procura, segundo menciona João Adeodato, uma das grandes questões da sua vida e como teria sido possível acontecer o fenômeno totalitário.
Neste mesmo ano, Hannah torna-se cidadã americana.
Em 1958 publica A Condição Humana, publicada nos Estados Unidos. No mesmo ano publica em Londres a biografia de Rahel Varnhagen: The Life of a Jewess.
De 1955 a 1967, ensina Filosofia e Ciência Política nas Universidades de Berkeley, Princeton, Columbia, Brooklyn College e Aberdeen, na Escócia.
Em 1959 publica Reflections on Little Rock, tratando do problema racial dos Estados Unidos, obviamente dentro dos seus postulados filosóficos de sua ontologia da ação. Tais artigos provocam reações e polêmicas em diversos setores, principalmente na esquerda., onde é acusada de conservadora.
Em 1963 publica On Revolution, quando já era famosa nos meios intelectuais. Dessa vez, Hannah por seu tom irônico e pela sua análise a respeito da participação de alguns líderes e organizações judaicas , é tida como identificada com a esquerda.
No ano de 1968, sai a coletânea Men in Dark Times, reunindo vários de seus artigos.
No ano de 1969 e 1970, respectivamente perde seu amigo e incentivador Karl Jaspers , e também perde seu marido Blucher.
No ano de 1972 sai a publicação Crises da República, concluindo um ensaio anterior chamado On Violence, publicado em 1970.
Trabalhava , quando da sua morte, em projetos mais ligados à filosofia, como o pensar, o querer e julgar, como já tivera feito em A Condição Humana .
Hannah falece em 4 de dezembro de 1975, quando conversava com um casal de amigos. Pouco antes de morrer Hannah havia recebido o prêmio Sonning Prize na Dinamarca, pelo reconhecimento de seu trabalho à cultura européia .
Poderíamos destacar os temas mais relevantes da obra de Hannah , que foram fundamentais na construção de sua carreira: sua condição de judia, o nazismo , a política e a filosofia.
As angústias por que passou Hannah Arendt foram decisivas e fruto da realidade de seu tempo, obviamente, moldaram seu pensamento e suas ações. Vários escritores foram influência para Hannah, tais como : Platão , Agostinho, Kant.
Segundo João Adeodato, a posição de Hannah como da “esquerda” ou da “direita” soaria ambígua, podendo-se captar tanto em uma quanto em outra os aspectos ou tendëncias de cada uma em suas obras.
Afirma Adeodato que da “direita” viria a exaltação da liberdade universal de cada homem como ser único, a desconfiança das massas e a idéia de que os “problemas sociais” não fazem parte do âmbito da política. Já da “esquerda”, afirma, viria o seu desprezo pelo Establishment , sua admiração pelos sovietes e pela revolução húngara de 1956 e a convicção da importância da classe operária na política contemporânea.
Talvez fosse mais prudente afirmar a independência de Hannah Arendt em todos os seus trabalhos, não importando ser desta ou de outra facção política ou ideológica, que amarraria em um molde ou tiraria a sua autonomia e convicção. Passaremos agora a abordar o seu estudo sobre a liberdade na obra Between Past and Future , datado de 1968.
Celso Lafer, ao analisar a trajetória de Hannah esclarece que em virtude de sua influëncia Kantiana, o Juízo teria suas raízes na estética e no gosto. Daí o seu apreço pels palavra e pela poesia, isto é, como o poder de dar nome às coisas. Segundo Lafer, seria a persuasão que permitiria o agir em conjunto e, consequentemente, a geração do poder no espaço público da liberdade.
No livro citado nesta monografia Entre o Passado e o Futuro, temos a partir de sua proposta da condição humana, que a palavra e ação , para se converterem em política , requerem, sob a ótica de Celso Lafer, um espaço que seria do mundo político, cuja existência permitiria o aparecimento da liberdade.
Passaremos`a análise dos capítulos importantes desta obra, que tratam do tema da liberdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário